2 de nov. de 2010

Uma vez LOBA, sempre LOBA!


Entrevista feita com a ex-jogadora do E.C. Pelotas/ Phoenix e maior artilheira da história das Lobas, Flávia Betemps Sperling, no dia 27 de outubro de 2010. Hoje, Flávia é casada e mãe da Eduarda, formada em Educação Física, pela Universidade Federal de Pelotas.

Quanto tu jogavas no time das Lobas, sofreu algum tipo de preconceito, por jogar futebol?
Flávia: Naquela época existia mais preconceito do que hoje. Mas eu nunca sofri preconceito por jogar, ou estímulos para deixar de jogar, era o estereótipo que as pessoas faziam das jogadoras, classificando-as como “homenzinhos”, e que só jogaria bem se agissem como tal. Minha briga sempre foi para acabar com essa idéia equivocada, tentava mudar essa mentalidade sendo feminina e ao mesmo tempo preocupada em jogar com qualidade.

Sempre teve o apoio da sua família e amigos?
Flávia: Sou de uma família de quatro irmãos homens e tive total apoio de todos, assim como os demais familiares. Sempre tive apoio de muitos amigos, afinal, eu comecei a jogar futebol na 4ª série e a partir desse momento fiquei conhecida no colégio como “a menina que joga futebol”. Alguns amigos tinham um receio, uma forma de proteção, mas aos poucos eu mostrava-lhes o quanto eu gostava, conquistando o apoio deles também.

Como foi a experiência de jogar no time das Lobas? O que tirou dessa experiência?
Flávia: Constrói tudo na tua vida, não só a questão de jogar futebol - ainda mais para quem pratica esporte desde cedo – é uma construção de valores. Para quem gosta de esportes e não pretende seguir carreira, é uma opção de profissão, assim como constrói o caráter, constrói profissionalmente, como é o meu caso.

Tu tinhas planos de seguir carreira no futebol?
Flávia: Acho que toda a atleta busca esse sonho, eu sempre joguei por gostar muito, pois nunca tive nenhum incentivo financeiro. Eu tinha planos de ir para um time maior; surgiu a oportunidade em 2002 de fazer um teste para o Grêmio, justamente quando eu passei no vestibular para o curso de Educação Física, optei pela faculdade, mas se tivesse surgido esta oportunidade antes, com certeza eu iria.

Tu imaginavas ser a maior artilheira da história das Lobas?
Flávia: Não imaginava, até pensava que alguém já tivesse batido essa marca. Mas também, foram muitos anos de Lobas, comecei por volta de 1996 e fui jogadora do Pelotas/Phoenix até 2002, como atleta. Depois foram alguns jogos que eu participava como convidada. 

O que estas fazendo atualmente?
Flávia:Atualmente eu trabalho com atividades físicas. Trabalho na escola, de manhã, como professora de Educação Física de 1ª a 4ª séries e à tarde trabalho como personal trainer na academia.

Tens planos de trabalhar especificamente com futebol?
Flávia: Eu gostaria muito, me identifico até hoje com futebol. Mas no momento não penso ser viável, pois é uma área que demanda muito tempo, principalmente final de semana, e como tenho uma filha de dois anos, preciso dedicar este tempo a ela. Talvez, daqui uns anos, eu encaminhe algum projeto para trabalhar com isso, pois vontade não me falta.

Que dica tu darias para quem deseja seguir carreira como atleta?
Flávia: Acima de tudo dedicação naquilo que tu quer seguir, nada alcançamos sem esforço, tudo na vida temos de buscar. Para ser jogadora de futebol terá de abdicar de algumas coisas, assim como eu abdiquei. Uma vida regrada e muito esforço, mas se tiveres prazer naquilo que tu faz, com certeza valerá a pena. 


Vanessa Müller 

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